quinta-feira, 6 de setembro de 2012

PROTEGENDO O NOSSO FUTURO: Hipoglicemias

Quem não tem medo delas?
Eu tenho verdadeiro pavor delas chegarem ao estagio de convulsão, acho que a pior hipoglicemia que assisti do Igor, foi quando ainda estava no hospital, durante o diagnostico, ele ficou sem enxergar, foi uma agonia muito grande, pois eu não sabia o que estava acontecendo, e pasmem, nem os medicos, cuidei da hipoglicemia num impulso, mas foi horrivel.
Ao longo desses 3 anos e um pouquinho percebi que os sintomas vão mudando ao longo do tempo, no principio, ele ficava palido e suava nas mãos, sentia o coração bater mais forte. Depois ele sentia fome, apenas fome, passou pela fase em que não ouvia ninguém falar, não obedecia ordens, nem perguntas, nada, era como se simplesmente estivesse surdo, e ultimamente sono, apenas sono, acho que esse é um dos mais perigosos sintomas, não sei, apenas acho, de repende a pessoas dormir com hipoglicemia pode ser bem perigoso caso esteja sozinha. esses dias quando saimos da natação, ele simplesmente se calou, no banco de traz e quando percebi estava dormindo, com uma das mãos dirigi e a outra tentando acorda-lo até poder estacionar, glicemia 64, nem tão baixa, mas ja em declinio significativo.
Ha umas duas semanas, servi o jantar e fui dar minhas aulinhas, quando voltei, ele estava na minha cama choroso, não, ele não estava sozinho havia um adulto que deveria dar-lhe assistencia:


-Mãe, quase morri.
-Como assim quase morreu? O que aconteceu?
-Tive uma hipoglicemia muito baixa e que não queria subir, olha só o glicosimetro.



Quem quase morreu fui eu quando vi esses numeros, Mas tentei não passar pra ele que também estava assustada, com calma conversei, perguntei como ele estava, e que deveria ter comunicado ao adulto em questão, e que me ligar jamais vai atrapalhar, aí quando voce ouve uma criança dizer que sozinha ela estaria melhor, é pra sentir o que? Raiva, revolta, pena, tristeza? Sabe, é um mixto de sentimento.
Neste dia ele pediu pra ficar comigo porque ele estava carente, antes, medimos para ver o tamanho do rebote:



Essa semana o susto foi com a Silvinha autora do http://joaopedroeodiabetes.blogspot.com.br:
"Domingo, 2 de setembro..
Depois de 15 meses de DM, pela primeira vez meu filho fez uma hipo severa com convulsão e espamos.
Estava preparando o café da manhã, meu marido tinha ido buscar pão, quando escuto um grito horrível do João, abro a porta do quarto ele convulsionando, nem pensei peguei o sachê de açúcar e dei pra ele, e não paravam os espamos e ele gritando.. foram 3 sachês.
Quando ele melhorou medi estava 47, corrigi de novo, 51, mais uma correção e depois de meia hora 96. Depois que passou, fiquei com as pernas moles, foi horrível ver meu filho naquele estado. A gente não sabe o que é uma hipo dessas até passar por uma, mexe muito com o emocional. Ainda bem que passou e ficou tudo bem. Ah um detalhe ele não se lembrou de nada.."
"Ontem não senti tanto o impacto, mas acordei destruída hoje, com um sentimento de impotência diante do fato, tudo é muito frágil e muito tênue, sei que não serei mais a mesma.. mas também não sou de ficar lamentando muito tempo, apesar de estar triste e chateada, vou me reconstruindo aos poucos.
Não quero tornar a vida do João uma prisão, vou tentar ao máximo continuar com as mesmas atitudes com ele, pra que se sinta seguro."
Eu acho que as hipoglicemias com mais sintomas, ou mesmo convulsões, mudam a vida da gente de alguma maneira, mudou para o Igor ter cuidado de uma sozinho, mudou para a Silvia ter assistido o filho convulsionar e mudou para o João também. Senti muito orgulho do meu filho.
Hoje o Igor tem sintomas pós hipos, ele pede abraço, quer ficar no colo, eu me preocupei e perguntei no bate papo do Facebook e é uma reação absolutamente normal, até mesmo para adultos, então é um sentimento novo para aprender a lidar, e como ele esta crescendo e raramente pede abraço, também estou aproveitando um pouquinho, e não é todo dia que ele tem hipo.
O que devemos ter em mente pós hipo é que mudar o tratamento para que isso não aconteça mais por conta propria não vai ajudar em nada, resolve apenas algo que é uma possibilidade, mas interfere no controle geral, é possivel que algumas mães sintam medo e diminuam a quantidade de insulina, deem mais carboidratos no horario em que tiveram hipo, eu mesmo ja senti medo quando meu filho usava a caneta.
Mas aprendi a usar o monitoramento com testes capilares ao meu favor, fazendo o possivel para manter os valores da glicose dentro das metas, acho que da pra avaliar bem ,JUNTO COM O MEDICO. Se você perceber que seu filho esta tendo hipoglicemia sempre em determinado horario, meça 1 hora hora antes e anote esses valores, apresente ao medico, ele vai saber interpretar se é insulina demais ou carboidrato de menos e com o tempo, aprendendo a lidar com isso, é mais facil evitar, não estou falando que vai evitar, a possibilidade de hipo é real e imprevisivel, e não da pra viver com medo dela, mas da pra tomar algumas medidas e evitar o excesso delas.

Assim como a hiperglicemia, a hipo em excesso não é nem um pouco legal para os pequenos:
"Por intermédio da análise de estudos clínicos sobre a relação entre HII, dano cerebral e DC(deficit cognitivo) em crianças com DM1, pôde-se explorar os fatores predisponentes aos prejuízos estrutural e funcional do SNC(sistema nervoso central), e consequentes comprometimentos nos domínios cognitivos, entre os quais se destacam a intensidade, frequência e duração dos episódios hipoglicêmicos, além da precocidade da doença.
De fato, quanto maior for à precocidade no surgimento do DM na criança, maior é a propensão à ocorrência de hipoglicemia e, consequentemente, maior é o risco de deterioração das funções cognitivas. Além disso, existe o dano cerebral estrutural e/ou funcional, causados pelos episódios de hipoglicemia e desencadeadores do DC.
Considera-se que a relação entre DC e os eventos de hipoglicemia é ainda um fator limitante
no emprego de insulina no tratamento do DM1, além do fato de que ainda são poucos os estudos que investigam as consequencias da HII em crianças. Portanto, conclui-se que é relevante o contínuo e intensivo cuidado e educação da criança portadora de DM1 submetida à insulinoterapia, com vistas a reduzir a possibilidade do dano cerebral e consequentemente o desencadeamento de DC. FONTE: http://revistas.unipar.br/saude/article/viewFile/3418/2320
Sei que manter os niveis glicemicos dentro das metas é dificil, mas é o que temos a fazer, nem abaixo de 70 nem acima do valor que o seu medico estipulou como meta, se as coisas não estão bem, acha que deve mudar algo, anote tudo, horarios, quantidade de carboidratos, glicemia antes e depois das refeições e mostre ao medico, é disso que ele precisa para saber se o tratamento requer ajuste, se a alimentação precisa mudar, mas temos que fazer nossa parte, e não esperar que o medico adivinhe o que esta acontecendo fora do consultorio.
E não pense que deixar a glicemia UM POUQUINHO acima do normal vai ajudar, porque a resposta disso você só terá a longo prazo e pode ser muito ruim, não para você, mas para o seu filho.











3 comentários:

  1. Oi Sarah.Depois do que aconteceu com a Silvia essa semana tenho pensado muito nisso,como a vida é frágil e como tem coisas que por mais que sejamos dedicadas não há como serem evitadas.A prova disso está aí...A Silvia é uma mãezona e aconteceu!Eu faço na Marcela por dia uns 8 testes de glicemias,da madrugada até a hora de dormir...E fico muito preocupada com isso,pois ela nem sempre tem sintomas,a poucosa dias ate postei no blog uma hipo de 35mg/dl sem sintomas nenhum...ela estava tirando uma soneca antes da janta.Assustei demais,havia olhado a uma hora antes e estava 198mg/dl.
    É só deus mesmo...

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  2. Minha dica é, sempre anotar a quantidade de insulina, de CHO e as glicemias, antes durante e depois da hipo, para o medico poder analisar.
    O Igor ficou um tempo assintomatico, era horrivel, quando percebiamos uma hipo, ela ja estava bem baixa, lembro uma vez que ele começou a rir dizendo que a TV estava maluca, passando o filme de tras pra frente, glicemia 49, foi até engraçado pq foi apenas isso que ele percebeu, e pensa até hoje que o filme estava ao contrario.
    O importante é não deixar isso influenciar nas metas.

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  3. Nos adultos também acontece a mesma situação. A última vez que me aconteceu, Kátia não sabia o que fazer, mesmo sabendo o que fazer.

    Estávamos vindo para casa. As vistas amarelaram. As pernas não queriam responder. Sentei. Pedir ajuda a ela.

    Ainda bem que era no centro e próximo de farmácias e mercados. Depois que conseguir regular, pude levantar e ir para casa!

    A existência é frágil!

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