sábado, 29 de maio de 2010

Mãe eu tenho uma doença?


Fui surpreendida com essa pergunta do Igor.
Nunca escondi dele a gravidade do Diabetes, que o controle é fundamental, mas acho que nunca tratei desse assunto como "doença", nunca o tratei como doente, até porque o diabetes não impede que ele tenha uma vida normal.
Mas acredito que no fundo todos nós temos preconceito quanto a palavra, "DOENÇA", soa mal, dá  a sensação que meu filho está mal, e na realidade não está, mas tem uma doença incurável que se não falarmos ela não aparece, não é descoberta.
Ficamos horas conversando, no banheiro, é que a pergunta surgiu quando ele sai do banho, sentei no vaso sanitário e comecei a lhe explicar o que é Diabetes, acredito que diante da pergunta já tenha maturidade para ouvir tudo, ele sempre soube que Diabetes não tem cura que algumas pessoas morrem por não controla-la, que o pâncreas não funciona, que precisamos injetar insulina todos os dias, mas não sabe o que é uma doença cronica e auto imune.
Vi seus olhinhos assustados quando lhe respondi que ele tinha uma doença, nessa hora nos perdemos nas palavras, queremos encontrar as menos impactastes, mas elas fogem.
Expliquei lhe a diferença de doença contagiosa, de deficiência e fui em detalhes ao Diabetes.
É uma doença silenciosa, fui taxativa:
-Você tem uma doença, devemos ter cuidados para ela não avançar, mas ninguém pode considerá-lo doente nem aponta-lo como um, o que você tem não interfere em nada em ser uma pessoa como todas as outras.
De repente entra o pai e pergunta o que fazemos no banheiro, expliquei-lhe as duvidas do Igor e lá vem ele:
-Meu filho, você não é doente, você não tem nada, só é uma criança que precisa comer melhor que as outras, tem que ser um desportista, é que alguns órgãos do nosso corpo não serve pra nada, o seu pâncreas parou, é só aplicarmos insulina que tá tudo certo, tira isso da cabeça, você não é doente.

Mamães, não é culpa deles, é a genética.
Os homens sempre encontram uma maneira mais confortável a eles de ver as coisas, alias o bem estar deles depende do que os olhos vêem, é assim na escolha das namoradas, do carro, de tudo ao redor deles.
Diabetes é uma doença que ninguém vê, e muitos pais demoram a se situar, aceitar, não temos muita paciência com isso, mas preciso ter...
Apesar de continuar a ter essa visão, depois de ter sido alertado pelo Dr Paulo a respeito da divisão de tarefas, e eu de confiar nele, tem se mostrado interessado. Hoje a insulina da manhã ficou por conta do papai, sei que o Igor fica mais apreensivo, mas ele também precisa confiar que o pai vai fazer a coisa certa. Na primeira aplicação sozinho papai não esperou aqueles segundinhos e a insulina voltou, CALMAMENTE, expliquei-lhe da necessidade de espera, milagrosamente não me irritei, e hoje as coisas parecem ter corrido bem,  só me certifiquei quanto a cor da caneta, é... ainda tenho medo dele aplicar a insulina errada.
Não fui no quarto acompanha-lo, cada um tem seu modo de lidar com as coisas, a caneta da Lantus está com os números apagados, então vamos pelos cliks (ganhamos uma caneta maneiraça do Dr Paulo, é digital, vamos usar no próximo refil), ele deve ter se perdido nos cliks porque o Igor comentou que ele aplicou insulina no vento e depois nele, temos que fazer isso quando não temos certeza dos 6 clicks.
E assim vamos, mesmo com 10 meses de diagnóstico, ainda nos adaptando e ampliando os cuidados com o Igor  para outros membros da família.

Hoje pela manhã recebi o email da Tribunal, o Juiz deferiu o bloqueio on line, resta saber apenas em quanto tempo a verba estará em minhas mãos.


4 comentários:

  1. sara
    olha so eu tenho conciencia que tenho uma doenca ,mais de vez enquando me olho no espelho e nao vejo nada ,e como se fosse eu mesma de antes ,e assim tb que minha minha medica me diz ,medir e glicemia e como lavar as maos antyes das refeicoes ,vc nao come diferente as outras pessoas que comem mal ,vc precisa contar medir pesar ,pra saber as dosagens ,porque vc fuciona no modo manual enquanto as outras pessoas fucnionam assim no automatico ,eu cheguei a uma conclusao sabe ( eu e minhas teorias de menina doce ) ta meu corpo e quebrado ,falta uma pecinha o que eu tenho que fazer e tentar deixar mais ou menos igual a um corpo que nao e quebrado ,tduo bem e dificil ,porque tem N fatores a serem levados em consideracao ,mais pra tudo tem jeito ,e gente vai levando .dias melhores virao ne?
    bjim pra vcs

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  2. Tomo cuidado porque nossa mãe tem diabetes. Ela tomou consciência depois dos 50, e isto nos preocupa. E vem perguntas e mais perguntas.
    Como pouco doce, açucares, refrigerantes, e faço exames de sangue, mas, não tomo outros cuidados necessários.
    Se acostumar com a doença é uma coisa, adaptar-se a necessidade é outra, mas, pode confundir

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  3. É isso mesmo...explicar a realidade sem drama mas com a responsabilidade que exige.

    Bjs

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  4. Querida mãe,Tenho 41 anos e sou diabética há 25. Fiquei com 15 anos nunca idade em que o mundo se transforma e meu corpo decidiu parar de funcionar normalmente. Foi barra! Por muito tempo, infelizmente, vivi como se não fosse doente. Comia e bebia o que dava vontade, não media a glicemia tantas vezes era necessário e só não fiquei com complicações porque nunca, nem um dia sequer, deixei de tomar as aplicações de insulina. Imagino o quanto é difícil a doença para vocês MÃE E FILHO mas é melhor ele encarar e falar para quem quer que seja como a funciona funciona para que ele não "finja" que está tudo bem, quando as coisas podem não estar. Também evita a sensação de "superpoder". Precisamos sim fazer muitas coisas, todos os dias e por toda a vida. Precisar encontrar um caminho para vivem assim e bem!!! Beijos e conte comigo

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