sexta-feira, 17 de outubro de 2014

DIABETES E REDES SOCIAIS: O olhar pra si e o olhar para o outro.

"A grosso modo ao perceber que a maneira de se vivenciar as situações, é fruto dos "óculos" que se utiliza para enxergar a "realidade", passa-se a ter a oportunidade de trocar esses "óculos". E os "óculos" escolhidos irão facilitar ou não a jornada de acordo com as respostas às situações vividas"  Thaís Petroff

Estamos há 5 anos lidando com o diabetes, as vezes releio este blog e me surpreendo com sentimentos que descrevi, e me pergunto, como pude me sentir tão fraca e impotente diante do controle do diabetes?

Paro, penso um pouco e logo percebo que meu olhar mudou, a medida que fui conhecendo, fui convivendo com outras pessoas com mais experiência a forma como me vejo diante do DIABETES mudou.
Nas redes sociais vemos debates em relação aos sentimentos o tempo inteiro, administro um grupo com mais de 1200 mães de crianças com diabetes, participo de outros com mais de 4mil pessoas entre elas portadores de diabetes e percebo que não existe um senso comum, nem pode existir, são pessoas diferentes, com necessidades e vivências diferentes, outras realidades, outras formas de pensar, logo, seria pretensão minha acreditar que todos devem olhar para si e reagir ao diagnostico exatamente como eu.
Eu acredito que a medida que as pessoas vão conhecendo melhor o controle do diabetes e suas possibilidades, alguns modificam os sentimentos, infelizmente outras não.
Durante esse tempo me relacionando com pessoas portadoras de diabetes, aprendi que jamais podemos subestimar qualquer fala, porque não sabemos a origem dela, não sabemos em que fase pós diagnostico a pessoa está e nem o nível de conhecimento dela, talvez seja até superior que o meu, jamais posso ser pretensiosa.
As redes sociais que devem servir de apoio emocional, disseminação da informação, hoje está sendo palco de disputa de ideias, todos são donos da verdade.

Ahhhh, que bom seria se a vida tivesse uma receita única, que bom seria se o controle do diabetes não fosse tão complexo.
Quando meu filho foi diagnosticado, fui atras de conhecer as pessoas que convivem com o diabetes há muitos anos e obtiveram sucesso, conheci também muitas que sentam e lamentam, levam um bom controle mas como um fardo. Eu precisava de exemplos para ensinar ao meu filho como lidar com o diabetes o resto de sua vida.
Desde que conheci as possibilidades, não permiti que meu filho usasse o DIABETES como desculpas e fui em busca de ferramentas que impedissem que o diabetes fosse um limite na vida dele.
Limites!!! Cada um entende de uma forma, pra mim limite é o que não se pode transpor.
Se eu olho para algo que foi me apresentado como limite, e vejo a possibilidade de ir além dele, deixou de ser limite, porém significa que outras atitudes serão adicionadas a minha vida e a dele para que permaneça assim.

Outro dia postei na minha página no Facebook que meu filho jamais deixou de fazer uma prova por causa de hipoglicemia, porque? Desde cedo ele sabe que precisa monitorar a glicose bem antes do horário da prova, ele precisa saber a quantidade de CHO que precisa ingerir para que isso não aconteça. Ele usa tecnologia de ponta (bomba de insulina) que bem configurada ja colabora para a baixa de hipoglicemias, e que se ele não fizer isso, o limite é dele e não do DIABETES.
Porque eu penso assim? Ninguém derruba uma barreira com o pensamento, é preciso atitude.
Ele vai ter hipoglicemias inesperadas? Claro, como todos temos mal estar, mas espero que saiba lidar com ela de forma devida e sem maiores prejuízos pessoais.
Dizer que o diabetes não limita, não significa ignorar certos pontos, significa que se deve ter atitudes sobre o que poderia ser um limite, saber que alguns fatores podem realmente ser limitantes caso medidas necessárias sejam ignoradas.
Imagina viajar sem revisar o motor e pneus de um carro? Pode ser que chegue ao destino, mas pode ser que não. Então monitorização e mudanças no estilo de vida é o segredo para que o diabetes não seja limite.
Infelizmente hoje o maior limite do portador de diabetes é a falta de acesso a novas tecnologia e a projetos educacionais sobre o autocuidado.
Sem monitorização do valor glicêmico adequado sim, o diabetes pode limitar a sua a vida, mas vejo isso como uma culpa do governo, não do paciente.
Eu poderia pensar: 
- Ahhh se não fosse o diabetes eu não precisaria medir a glicose, não precisaria depender do governo.


Não discordo de quem pensa assim, eu não vejo o outro como extensão de mim, o outro vive e tem suas convicções além de mim ou do que eu possa supor sobre ele. Eu me vejo dessa forma, e não significa que seja a correta e absoluta, educo meu filho para o mundo e não para cumprir meus ideais, só que desde cedo ele sabe que o mundo não vai parar porque ele teve uma hipo, ou entrou em cetoacidose, a dele sim, pode parar se ele não tiver atitude diante do controle da glicemia e não fizer uso da tecnologia que tem acesso ao seu favor.


Ontem a candidata a reeleição Dilma Rousseff  teve uma mal estar após o debate, segundo ela uma baixa de pressão, como poderia também ter sido uma hipoglicemia, para quem não sabe  ela é portadora de diabetes tipo 2. Mesmo que fosse uma hipo, ela teria perdido segundos importantes de sua campanha, o mundo não pára!
Eu inseri esses cuidados na educação, não deixar que o diabetes seja um limite, faz parte do processo, mas essa sou eu, e isso não é uma regra para todos, somos complexos demais para achar que A ou B estão certos ou errados, eu tenho o meu ponto de vista e posso querer divido-lo com você. Você pode aceitar ou não.
Assim como tem mães que fazem todas as vontades dos filhos porque acreditam que eles tem uma vida sofrida, aqui eu ensino que o mundo não vai parar por que ele tem diabetes, se estou certa ou não, só o tempo vai me responder.

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