sábado, 29 de maio de 2010

Mãe eu tenho uma doença?


Fui surpreendida com essa pergunta do Igor.
Nunca escondi dele a gravidade do Diabetes, que o controle é fundamental, mas acho que nunca tratei desse assunto como "doença", nunca o tratei como doente, até porque o diabetes não impede que ele tenha uma vida normal.
Mas acredito que no fundo todos nós temos preconceito quanto a palavra, "DOENÇA", soa mal, dá  a sensação que meu filho está mal, e na realidade não está, mas tem uma doença incurável que se não falarmos ela não aparece, não é descoberta.
Ficamos horas conversando, no banheiro, é que a pergunta surgiu quando ele sai do banho, sentei no vaso sanitário e comecei a lhe explicar o que é Diabetes, acredito que diante da pergunta já tenha maturidade para ouvir tudo, ele sempre soube que Diabetes não tem cura que algumas pessoas morrem por não controla-la, que o pâncreas não funciona, que precisamos injetar insulina todos os dias, mas não sabe o que é uma doença cronica e auto imune.
Vi seus olhinhos assustados quando lhe respondi que ele tinha uma doença, nessa hora nos perdemos nas palavras, queremos encontrar as menos impactastes, mas elas fogem.
Expliquei lhe a diferença de doença contagiosa, de deficiência e fui em detalhes ao Diabetes.
É uma doença silenciosa, fui taxativa:
-Você tem uma doença, devemos ter cuidados para ela não avançar, mas ninguém pode considerá-lo doente nem aponta-lo como um, o que você tem não interfere em nada em ser uma pessoa como todas as outras.
De repente entra o pai e pergunta o que fazemos no banheiro, expliquei-lhe as duvidas do Igor e lá vem ele:
-Meu filho, você não é doente, você não tem nada, só é uma criança que precisa comer melhor que as outras, tem que ser um desportista, é que alguns órgãos do nosso corpo não serve pra nada, o seu pâncreas parou, é só aplicarmos insulina que tá tudo certo, tira isso da cabeça, você não é doente.

Mamães, não é culpa deles, é a genética.
Os homens sempre encontram uma maneira mais confortável a eles de ver as coisas, alias o bem estar deles depende do que os olhos vêem, é assim na escolha das namoradas, do carro, de tudo ao redor deles.
Diabetes é uma doença que ninguém vê, e muitos pais demoram a se situar, aceitar, não temos muita paciência com isso, mas preciso ter...
Apesar de continuar a ter essa visão, depois de ter sido alertado pelo Dr Paulo a respeito da divisão de tarefas, e eu de confiar nele, tem se mostrado interessado. Hoje a insulina da manhã ficou por conta do papai, sei que o Igor fica mais apreensivo, mas ele também precisa confiar que o pai vai fazer a coisa certa. Na primeira aplicação sozinho papai não esperou aqueles segundinhos e a insulina voltou, CALMAMENTE, expliquei-lhe da necessidade de espera, milagrosamente não me irritei, e hoje as coisas parecem ter corrido bem,  só me certifiquei quanto a cor da caneta, é... ainda tenho medo dele aplicar a insulina errada.
Não fui no quarto acompanha-lo, cada um tem seu modo de lidar com as coisas, a caneta da Lantus está com os números apagados, então vamos pelos cliks (ganhamos uma caneta maneiraça do Dr Paulo, é digital, vamos usar no próximo refil), ele deve ter se perdido nos cliks porque o Igor comentou que ele aplicou insulina no vento e depois nele, temos que fazer isso quando não temos certeza dos 6 clicks.
E assim vamos, mesmo com 10 meses de diagnóstico, ainda nos adaptando e ampliando os cuidados com o Igor  para outros membros da família.

Hoje pela manhã recebi o email da Tribunal, o Juiz deferiu o bloqueio on line, resta saber apenas em quanto tempo a verba estará em minhas mãos.


sexta-feira, 28 de maio de 2010

Processo judicial para garantir insulina e insumos.


Estive fora esses dois últimos dias resolvendo assuntos sobre o ação processual de fornecimento de medicamentos garantido por lei. E aqui no Rio de Janeiro, as coisas não são tão fáceis como aparentavam.
Na primeira consulta do Igor pelo SUS, conversei com algumas mães sobre como as coisas aconteciam por aqui em relação a distribuição de insulina e insumos, elas melhor do que ninguém poderiam me dar as diretivas, a maioria não chegaram a entrar com processos, mas pensavam em fazê-los pois não estavam conseguindo cobrir as despesas, as que entraram com o processo desistiram no meio do caminho, preferiam usar a mesma agulha durante semanas, continuar aplicando insulina vencida quando não havia fornecimento junto ao SUS(os filhos usam a insulina doada no IPPMG), ou trabalhar dobrado pra suprir as despesas,  ELAS SE SENTIRAM HUMILHADAS DURANTE O PROCESSO.
Juro que não entendi isso, lembro de ter retrucado: -Humilhada porque? É seu direito!
Essas mães eu não encontrei mais, gostaria muito de encontra-las de novo, hoje tenho muito a conversar com elas, entendo mais do que nunca o que elas tentaram dizer.
Vou contar a vocês o que tem acontecido nestes dias.
A começar pela segunda, tenho a sensação que a escola não quis levar o Igor no passeio ao Zoológico e me senti muito mal com isso,  não retruquei, deixei pra lá, melhor do que brigar e ele não ser devidamente assistido. Quando fui comunicada do passeio, informei do interesse do Igor e da necessidade de conversar antes com a professora e coordenadora, isso foi informado diretamente a dona do colégio que ficou de agendar tal conversa e de ver a possibilidade de eu acompanha-los, pois bem, até dois dias antes do passeio que aconteceu no dia 26 não houve tal agendamento, procurei a mesma que me informou que não havia mais vaga no ónibus para o Igor, eu me senti como??? Adivinhem??? Escola inclusiva???
Já estamos nos programando pra muda-lo de colégio o quanto antes.
Voltando para o processo, no dia 2 de maio eu deveria receber a Lantus e NovoRapid pelo SUS, na central de distribuição de medicamentos da Prefeitura do Rio de Janeiro, o que não aconteceu, durante toda a semana ao ligar recebi a informação de que o sistema esta fora do ar, isso, o sistema de distribuição de medicamentos ficou fora do ar durante uma semana, pelo menos foi a informação que recebi. Na semana seguinte, "consta no siatema que o medicamento está em processo de compra", e finalmente esta semana os 3 telefones do setor de mandatos judiciais não atendem são eles : 3111-6411 / 3411-6419 / 3111-6448.
Ligando para a simpática senhora que atua na entrega de medicamentos, digo isso por as vezes que tive contato pude ver como trata o cidadão com dignidade, respeito e atenção, me sugeriu que "procurasse" pelo medicamento nos órgãos responsáveis e foi que fiz.
Na quarta feira aproveitando que o Igor ficaria em casa, fui a triagem da Defensoria, depois de longa espera, fui encaminhada com oficio de urgência ao promotor, que não podia me atender por que tal atendimento é feito as 3ª e 5ª de 11 as 13 horas e já se passavam das 15 horas.
Voltei no horário informado, cheguei mais cedo, acreditei que o atendimento começaria as 11 h, fui atendida por uma estagiaria as 14 horas, e quando ela me falou pra voltar outro dia com o orçamento da farmácia que compraria as insulinas e os insumos dei um pit.
Sai de lá as 15 horas ainda com apenas o café da manhã no estomago e depois de assinar o pedido de boqueio online, ("isso acontece quando o juiz ordena que a prefeitura de a verba correspondente a 3 meses de tratamento o que pode demorar 20 dias").
No dia 1° de Junho completam 30 dias de atraso na entrega do medicamento, recebi insulina para 5 meses, a Lantus tive que substituir um refil que durante um passeio pegou sol, a que uso já foi de aquisição própria, tecnicamente eu já teria que ter nova remessa para substituir a próxima, na mesma situação que eu havia um pai, mesma não, bem pior, o filho depende de um medicamento que custa 5.000,00 por mês, e está com atraso de 3 meses. Isso pode? Não pode!!!
Se eu não puder suprir as despesas com o tratamento, com certeza alguém de minha família poderá e o fará com gosto, mas e se não houvesse alternativa? Muitas famílias não tem! São as tiras reagentes que não me faltam mas não são suficientes, mais as insulinas que não recebi, e o fator principal, alimentação.
Nada disso pode faltar!!!!
No tempo de espera, senti uma sensação de mendicância, mas não vou sustentar esse sentimento, é obrigação e dever do estado me fornecer medicamentos, isso é garantido por lei.
Hoje pela manhã fiquei pior ainda, me senti mentirosa, eis o que consta no autos do processo:

"ULTIMO MOVIMENTO:
Tipo do Movimento: Recebimento 
Data de recebimento: 27/05/2010
Tipo do Movimento: Despacho - Proferido despacho
 de mero expediente
Data Despacho:27/05/2010
Despacho: Seja esclarecido, com a máxima urgência,
se houve recusa na entrega 
dos medicamentos, uma vez que não é possível 
bloqueio on line de 
verba pública diretamente, não havendo nos 
autos nenhuma notícia 
de tal recusa."
 
Se não consta tal recusa por que ainda não recebi??? 

Eu não vou desistir, eu vou até o fim deste processo 
em quantas instâncias 
sejam necessárias, que se cumpra a Lei.

Quanto a foto, ter a vista do Pão de Açúcar toda vez 
que precisar resolver problemas juricos, é renovador.
Essa cidade é bela demais para ter tantos problemas 
burocráticos, que se façam leis e decretos a altura 
desta beleza.
Me despeço hoje com a certeza de que só unidos poderemos 
mudar esse quadro, não só em relação ao Diabetes, mas 
em todos os casos em que o fornecimento de medicamentos 
é vital a vida de uma criança.
Exigir que nossos direitos sejam respeitados jamais deveria ser considerado humilhação.
Estou exausta, hoje só quero descansar!!!

domingo, 23 de maio de 2010

Consulta de Maio/2010


Canetas para refil de Lantus
Canetas para refil de NovoRapid

Quando fui a ultima consulta pensei sair de lá com novidades pouco agradavéis, apesar da Hemoglobina glicada ter ficado em 7,1%, o TSH está bem alterado.
Recebemos os parabéns pela Glicada e pelo gráfico de valores glicemicos, quanto ao TSH ficaremos de olho para acompanhar se o  T4 Livre apresenta alterações, enquanto ele estiver normal, caracteriza um HIPOTIREOIDISMO SUB CLINICO, que não precisa de tratamento, isso pode continuar assim por muito tempo ou não, pela informação que recebi, o DM1 e HIPOTIREOIDISMO muitas vezes se apresentam juntos, faremos exames a cada 6 meses para acompanhar as funções da tireoide.
Quanto a contagem de carboidratos, oficialmente em algumas refeições foram adicionados 15g de carboidratos, no almoço e jantar ficamos com 60g e lanche da tarde 45g.
Alteramos também a quantidade de insulina, baixamos a Lantus para 6u  e a Novo Rapid agora tem quantidades variáveis de acordo com a hora do dia, por isso é tão importante anotar os numeros, montar uma tabela com os valores da glicemia, os médicos analisam o comportamento da glicose e comparam os horários de grande variações a partir dessas anotações, e montam o esquema da rápida, que é individual. Ir a uma consulta sem a tabela glicemica é como ir a escola sem fazer o dever de casa.
Depois de 10 meses eu ouvi a mais completa explicação sobre o uso a insulina, vou tentar passar pra vocês, principalmente para os pais que ainda lidam com números glicemicos baixos.
Por aqui quase não fazemos uso da insulina de ação rápida, isso é bom? Não.
Já se perguntou porque existem dois tipos de insulina aplicavéis? Uma de ação lenta outra de ação rápida? A de ação lenta não pode trabalhar sozinha, ela deve manter os valores estáveis e a de ação rápida deve evitar picos pós refeições, tanto que ela age no corpo durante no máximo 1h.
Os médicos diminuíram a quantidade de Lantus porque ela estava fazendo esse trabalho sozinha, ela não deve baixar mais do que 100mg de glicose, no caso do Igor durante a noite esse numero estava passando dos 150mg, estava dormindo bem com picos de 200 na madrugada e acordando abaixo dos 90. Hoje estou mais segura quanto a aplicação da NovoRapid, não adianta tentar evitar, um bom controle do DIABETES é aplicação das insulina e contagem de carboidratos.
Desde a consulta estamos aplicando menos insulina de ação lenta, os números continuam os mesmos, estou feliz, porque EU ACREDITO EM MILAGRES...
Mesmo acreditando em milagres, eu nunca deixo de fazer o que é necessário para o controle do diabetes.

terça-feira, 18 de maio de 2010

10 meses com Diabetes.

Já se passaram 10 meses desde o diagnóstico de Diabetes Mellitus tipo 1, comemoramos com a consulta no IPPMG, e fomos surpreendidos com dois dias de uma sequência de hipoglicemias (para ver os números clique aqui, arquivo em pdf), estamos bem, tão bem que foi diminuída a quantidade de insulina basal (Lantus), a cada consulta em que percebemos que estamos no caminho certo, em que duvidas são respondidas com coerência e satisfação, faz valer a pena cada segundo desta rotina um tanto cansativa.
Ainda estamos em aberto sobre os episódios "escola", mas tenho que resolve-los o quanto antes, o Igor precisa voltar as atividades físicas.
Apesar de estar tudo bem conosco e nosso Leão bem domado, eu sempre volto de lá um pouco triste, enquanto esperamos sempre ouço o desabafo de uma mãe, é cada historia mais triste que a outra, algumas até conversam em tom de trocas de experiências, mas outras... dá pena dos filhos delas, eu sinto nas palavras o peso que as crianças carregam por conta das frustrações das mães, o peso da ausência do pai, o peso do valor do tratamento, não consigo sentir a leveza do amor materno.
-Já me enviaram para o psicólogo, mas eu não gosto desse negocio, eu quero é que eles me dêem uma solução. - Ouvi hoje de uma mãe  (Mesmo sabendo que não tem cura ela quer uma solução)
- Tia, tem dia que minha glicose da H1(níveis acima do que marcam o glicosimetro, geralmente 600) - Disse orgulhoso o filho.
Juro que nem lembrava desse H1, não o vejo desde a crise de cetocidose.
Quem me conhece sabe o quanto qualquer coisa relacionado a criança me afeta, é como se fosse com um filho meu, um ser tão dependente e tão vulnerável...
Essa foto acima é do Igor com mais ou menos 10 meses, é pra exemplificar como vejo o Diabetes hoje.
Como se fosse um bebê, é como se estivessemos educando uma criança, assim como nos preocupamos com a educação e saúde dos nossos filhos desde o momento em que eles nascem, também devemos nos preocupar com o controle do diabetes.
Minha mãe sempre me dizia quando eu era pequena: "modos de casa vão a rua", e assim eu tento educar meus filhos, nunca aceitei manhas, birras, comportamentos que eu não aceitaria nos filhos dos outros, não sei se quando crescerem seguirão meus ensinamentos, mais aí é entre eles e a vida, não terei errado por omissão. Mesma coisa é com o diabetes, é como um bebê sendo educado, permita que um bebê passe  noites em claro sendo acalentado e logo você terá uma criança com distúrbios do sono, permita que uma criança coma chocolate no café da manhã e logo você terá um adolescente obeso, e algumas regras não podem ter excessão.
Os mesmos cuidados que tive com meus filhos bebês, tenho com diabetes, estou conhecendo um personagem  novo na minha vida, tenho que primar para uma boa convivência a longo prazo.
Não sei se um dia o Igor vai se sentir orgulhoso de ter níveis glicemicos altíssimos, pelo menos não tem motivos pra isso, antes de qualquer coisa lhe é ensinado todos os dias sobre auto estima, sobre qualidade de vida, sobre amor... Quem ama e é amado quer viver, quem quer viver se cuida!!!

Eu não controlo o diabetes do meu filho, só por a ser mãe dele.
Eu controlo porque o AMO!
Controlar o diabetes não é opcional é prova de amor.
Assim como desejamos um futuro brilhante para nossos filhos também devemos desejar um futuro sem sequelas, exatamente na mesma proporção.


E sabem porque comemoro o diagnóstico??? Por que  no dia 18 de Julho de 2009 Deus me deu a oportunidade de ficar perto e cuidar do meu filho por mais tempo. o diabetes foi só consequencia dessa oportunidade.


segunda-feira, 17 de maio de 2010

Diabetes, uma boa convivencia ou não.






Confesso que me decepcionei um pouco com a serie da Record, se foi bom??? Claro... Mas não foi uma matéria para a maioria dos diabéticos, os de baixa renda.
É fácil ter uma boa convivência com o diabetes quando se tem uma bomba de insulina, quando se pode pagar um caríssimo colégio para os filhos, quando se aposentou bem.
O que a serie de reportagens mostrou, salvo a fila de transplantes, não foi a realidade, não a realidade da maioria dos brasileiros diabéticos.
Sei lá de repente estou sendo exagerada, me emocionei em alguns momentos, mas quando se falou de crianças e pais, não me senti incluída naquele grupo. Era como se o diabetes do meu filho fosse diferente.
Como eu posso ficar um dia sem pensar em diabetes? Eu até posso não pensar em diabetes, mas tenho que pensar em carboidratos, glicemia, dextro, etc... todos os dias, de 3 em 3 horas, antes de dormir eu preciso descartar a possibilidade de uma hipoglicemia no meio da madrugada.
Não se preocupar é diferente de não pensar.
Hoje não me preocupo, aos poucos tudo vai ficando mais natural, mas em momento algum posso esquecer da condição do meu filho.
Sabe o que acontece quando eu relaxo e esqueço?
Sou pega de surpresa.
Na sexta feira fui buscar o Igor no colégio e leva-lo pra cortar os cabelos, tudo cronometrado, as 7 estaríamos em casa para o jantar. Por volta das 5:40 percebi o Igor suado, mas eu  estava com frio.
Dextro = 65, no meio dos porquês, descubro que o horário do lanche mudou para as 3:00.
Sabe o que é você ter que escrever todos os dias na agenda escolar do seu filho o horário do lanche dele e o que fazer no caso de glicemias alteradas? É CANSATIVO e justo na sexta eu não escrevi.
Meu filho mais velho sugeriu que eu mande fazer um carimbo, estou considerando esta hipótese entre outras.
Na hora da vontade de explodir, mas depois vem um sentimento de impotência, fraqueza, me sinto mal.
Eu penso em tirar o Igor deste colégio, mas foi o melhor que encontrei dentro das nossas possibilidades.
Começam varias indagações, na ultima reunião de pais e responsáveis, eu descobri que no ano passado um amiguinho levava todas as tiras reagentes usadas pra casa, fiquei horrorizada, e imagino como a mãe desta criança não se sentiu, ele a todo momento pedia pra ficar diabetico, como a escola não viu isso e tomou providências? 
Bom, já conversei com Igor a respeito, ele deve jogar no lixo.
As escolas não estão preparadas para receber uma criança com diabetes, não as que meu filho pode estudar.

Mas voltando a não pensar em diabetes, fomos ao cinema, na estreia de Iron Man 2, detestei o filme, mas fazemos cada coisa por nossos filhos... escolhi um horário em que ele pudesse degustar as deliciosas pipocas de cinema, estavam realmente deliciosas, mas depois de um tempo um pouco doces, achei que fosse uma ou outra perdida, ledo engano, a pipoca salgada era só um pouco em cima, mais da metade do saco era de pipoca DOCE, isso mesmo, comprei pipoca salgada e levei doce.
Aí o que você faz? Deixa seu filho sem pipoca o resto do filme? Volta pra trocar e quando o cara insinua que você está de armação você descarrega em cima dele? Ou compra outra pipoca salgada pro seu filho e come a doce?
Eu não sei se essas coisas acontecem com todos, as vezes acho que é só comigo...
O que torna boa a nossa convivência com o diabetes é todos os dias escrever o mesmo bilhete na agenda escolar, é correr atrás de promotores públicos para garantir as insulinas, é estar de olho em tudo o que ele vai comer(costumam vender gato por lebre), é ler rótulos no supermercado e comparar carboidratos e gorduras, é pesquisar promoções de fitas reagentes por que a quantidade do SUS não é suficiente.
Nós não deixamos de viver por causa do diabetes, o Igor faz tudo o que qualquer criança faz, mas não descuido do controle desse Leão por um só dia, e repetindo a melhor frase da serie da Rede Record:
"EU NÃO CONTROLO O DIABETES PARA O MEU FILHO ACORDAR BEM AMANHÃ, EU CONTROLO O DIABETES HOJE PRA ELE ACORDAR BEM DAQUI HÁ 20 ANOS."

A convivência com o Diabetes seria bem melhor se o governo fizesse a lição de casa.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Refeição com 30gCHO



Tenho visto que alguns pais estão com dificuldades na hora do consumo de legumes e verduras de seus filhos com diabetes, bom, eu sou uma mãe bem coruja, então perco mais tempo no preparo das refeições hoje do que levaria antes do diabetes.
Eu procuro fazer os legumes bem picadinhos, pra facilitar, evitar reclamaçõesdo tipo "eu não consigo mastigar" "eu não consigo engolir" , quando refogados é alho, pouquissimo oléo e salsinha, alias salsinha eu uso em tudo.
Bom espero que o video sirva de incentivo para outras crianças, em especial a Vivi, o Igor adorou fazer o video.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Sentimentos de uma criança com diabetes.

No Post anterior, eu contei um pouco de como minha vida tem sido corrida e a consequencia disso.
Pra mim foi muito reflexivo todos os acontecimentos, lidar com dois filhos em idades diferentes necessidades diferentes é meio exaustivo. Requer atenção em separado e isso toma muito do nosso tempo.
Eu tinha proposto aos meninos passearmos no dia das Mães, ontem, mas não foi possível com a chuva que desabou por aqui e não queria me enfiar num shopping.
Ficamos em casa, TV, pipoca, cachorro quente e edredon, pra mim estava perfeito, um descanso merecido.
A noite percebi o Igor mais dengoso, meio triste mesmo.
É regra, mudança de comportamento - Dextro.
Tudo normal.
Aos poucos ele foi desabafando:
- Eu queria que hoje o dia fosse muito especial pra você, que você ficasse muito feliz, mas não deu.
A principio não entendi tanta tristeza por não termos saído, passeado, até que ele disse:
-Você cuida de mim com tanto carinho, você tem tanta dedicação, você está sempre fazendo de tudo pra mim, estou triste por não fazer isso por você.
Me emocionei com a tristeza dele.
Caramba, ele está se achando um fardo pra mim, e isso não pode acontecer.
No inicio do Diabetes eu me escondia pra chorar, engolia os desabafos, mas chega uma hora em que nosso cansaço é visível e eles notam e se culpam. Isso jamais pode acontecer.
Me veio a cabeça um filme que vi, não me perguntem o nome, mas contava a historia de uma criança com leucemia, cujo os pais tiveram outro bebê pra ser doador, em todo o processo da cura que não vinha ela pede a irmã doadora para pedir emancipação medica e assim impedir que novas tentativas fossem feitas.
No final ela escreve uma carta, acho que foi uma carta, pedindo desculpas aos pais por todo transtorno causado, pede desculpas aos irmãos por ter-lhes tirado um pouco a atenção dos pais, foi muito triste a cena.

Se eu quero que meu filho pense assim???? NÃO.
Mas é tão difícil pra nós adultos separarmos os sentimentos, imagine pra uma criança perdida entre tantas regras e uma realidade totalmente nova.
- Ser sua mãe é minha maior felicidade!!!
E assim terminamos a noite.
De repente até ele confundiu frustração com tristeza, ou simplesmente queria muito me agradar, mas fica o alerta. 
Mais sobre o filme citado acima pelo blog do Athayde, clique aqui.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Até que um dia você falha...



Desde o diagnóstico do Igor, eu venho num ritmo louco, entre dextros, carboidratos, trabalho e filhos, pra mim realmente não tem sobrado tempo, é como se tivesse me tornado um robô.
O controle do Diabetes vai muito bem, Hemoglobina Glicada 7,1%, mas chapei no paredão.
Não dá pra ser mulher maravilha, acredito que o controle do Diabetes é difícil exatamete por que não dá pra descansar um só dia, você olha pra frente e sabe que nem tão cedo você poderá perder a hora, esquecer o despertador, deixa que contar carboidratos e etc...
Aí, você tem mais um monte de coisas pra cuidar e vai deixando de lado... Esse foi meu primeiro erro, se não espremer o tempo hoje, em algum momento terei que espremer, se não resolver os problemas hoje, em algum momento terei que resolver, e é melhor que seja hoje antes que ele tome proporções gigantescas.
É assim com dinheiro, trabalho, relacionamento.
Quando você tem um monte de problemas com suas soluções adiadas, pare tudo e se reavalie, ou então, você vai falhar e exatamente onde você não deveria falhar e aí você desaba.
Ontem foi meu dia de chapar no paredão da vida, e garanto, doeu pacas. Mas passa.
Quando a vida te enviar a pergunta: "Será que tudo isso vale a pena?" Não desista, com certeza vale a pena!
Ontem tive um dia assim:
Pela manhã, ligaram do colégio solicitando minha presença, terminei as aulas mais cedo (o que não deveria fazer), meu filho mais velho agrediu um colega e pela primeira vez na vida foi suspenso, até aí tudo bem, mas quando você descobre que o motivo foi fútil e não há sinais de arrependimento, dá pra entrar em desespero.
A tarde precisava tirar um extrato bancário, porém descobri meu cartão  de senha de segurança havia simplesmente desaparecido, procurando daqui e dali (e não encontrei) esqueci da comemoração do dia das mães com o Igor na escola, e quando você vê seu filho chegar em casa com cara de choro e perguntar por que você não foi a escola, pelo menos pra mim, é motivo suficiente pra desabar.
Você começa rever sua rotina, você começa a se perguntar se tudo realmente está valendo a pena.
Ahhhh claro que tá, mas as coisas precisam mudar de ritmo, não adianta eu controlar o diabetes se eu não conseguir controlar as outras coisas, preciso parar, embora muito de nossa rotina não dependa apenas de mim.
Fica a lição.
Quando uma família tem uma criança diabética, todos precisam estar dispostos a colaborar, a mudança na rotina precisa ser familiar e nenhum responsável por uma criança diabética pode se achar auto suficiente por que não é, e é por isso que muitas vezes nos sentimos impotente diante do tratamento.
Hoje os números da glicemia do Igor estão alterados, há muito tempo não víamos números acima de 100 ao acordar e antes do lanche da manhã, hoje 174 e 137, com certeza reflexo de ontem.
Um diabético precisa de equilíbrio emocional, lógico que ele não está livre de problemas e encontrará vários ao longo da vida, mas o problema está em como estes problemas são resolvidos, em como ele aprendeu segundo os exemplos dos pais a enfrenta-los.
Como tatuei em meu corpo, eu preciso renascer, revigorar, reinventar, reestruturar um novo de jeito de encarar a nossa realidade, todos os dias eu preciso ser como uma fenix.
Então você recebe o que faltava para sua auto combustão de renascimento:
Enquanto procura desesperadamente seu cartão do banco, encontra R$50,00 num compartimento secreto de sua bolsa.
Seus filhos percebem que você desabou e juntos vem te ajudar a se reerguer, carinhosamente lhe propõe que esse dia seja pagina virada.
Então você descobre o quanto vale a pena, e que errar tentando acertar é normal, e é sempre melhor do que não tentar.
PS:
U ME COBRO DEMAIS COMO MÃE.